domingo, 11 de setembro de 2011

Os Novos Thundercats

Anunciada há mais de um ano, em maio de 2010, a nova série dos Gatos do Trovão já nasceu polêmica. Fãs da série original se dividiram entre excitados com a possibilidade de histórias novas e as tecnologias atuais e os conservadores, dentre os quais eu me encaixava, que achavam que algumas coisas nunca devereiam ser refeitas/relidas/rebootadas.



Mas antes de falarmos da nova série, vamos observar a “intocável” original. Os Thundercats eram a elite do planeta Thundera, e após sua guerra com os mutantes Plun-Darr destruir o planeta, eles são obrigados a abandoná-lo e rumar para o Terceiro-Mundo, o planeta habitável mais próximo. A viagem dura vários anos, e os tripulantes são transportados em câmaras de animação suspensa, para que não envelheçam no caminho. O Conselheiro Real Jaga é quem pilota a nave, e em uma batalha a câmara do príncipe Lion-O é danificada e este acaba envelhecendo, chegando ao Terceiro-Mundo como uma criança em corpo de adulto.
Premissa interessante, mas fica só na sinopse. A série era muito limitada (quando se mostrou que Lion-O era uma criança? Ele era mais maduro e seguro que os adultos!), tanto em termos de animação como de roteiro. Os episódios eram auto-contidos e raramente deixavam algo para ser aproveitado em uma linha narrativa maior. Então... o que há de tão sagrado nessa série? Com esse pensamento resolvi dar uma chance à nova série.


Eis que surgem as primeiras imagens. Um Lion-O mangá. Um Panthro com costeletas, extremamente forte, não lembrando nem de perto o hábil mecânico da série original. Uma Cheetara adolescente. O suficiente pra todos destroçarem com a série, antes mesmo dela nascer. Bom, aí vai uma informação pra quem – como eu – ficou furioso pela “manganização” dos personagens: a série original também foi produzida por empresas de animação japonesas! Uma delas, inclusive, veio a fazer parte do que hoje é o Studio Ghibli, responsável por animações como O Castelo Animado, A viagem de Chihiro e Ponyo.



Voltando aos gatos. Para não me deixar influenciar muito, escrevo esse texto entre pausas dos episódios que assisto. Sim, são minhas primeiras impressões. Em primeiro lugar, o visual mangá incomoda muito no início, mas a qualidade da animação é tão boa que acaba compensando. As cenas de ação são muito dinâmicas, a movimentação dos personagens é excelente, retratando bem as feições felinas. Os cenários são exuberantes. Se houver a possibilidade, assista aos episódios em HD. As referências à série clássica são muitas. O castelo lembra a Toca dos Gatos, o Thundertanque é um veículo militar comum, entre muitas outras que não quero revelar aqui.
Houve um cuidado incrível da produção com a ambientação. A arquitetura de Thundera tem suas próprias características, assim como as vestes dos personagens. Há várias referências e homenagens, como prédios quase que retirados de uma cena de Star Wars e um festival que lembra uma certa festa no Condado.



Mas o que surpreende na animação desde o início é o roteiro. É interessante ver como se criou o planeta Thundera e como os personagens clássicos foram distribuídos nessa sociedade. Lion-O continua sendo o príncipe e o próximo na linha se sucessão ao trono, mas é impulsivo e está sempre à sombra de seu irmão mais velho, Tygra (sim, verdade...). Cheetara parece ser uma marginal que ajuda as pessoas nas partes mais pobre do Reino. Willykit e Willykat são órfãos que tem que roubar para sobreviverem. Jaga é uma espécie de Merlin, o Conselheiro do Rei, e o único que apoia Lion-O.
A ambientação traz uma gama empolgante de possibilidades. Há paz em Thundera, os felinos vivem bem, mas o Rei Claudus governa com punho de ferro, e as demais raças sofrem preconceito e são tratadas como criminosas. Lion-O aparece em conflito com o pai, defendendo os prisioneiros e contestando o tratamento que os felinos dão a estes. Há uma certa semelhança com o filme O Juiz, pois aqui também há uma cidade isolada do resto do mundo, onde o lado de fora é desconhecido e cheio de lendas e boatos, mas que ninguém ousa sair para confirmar. Parte dessas lendas é apresentada já no primeiro episódio, como a existência de Mumm-Ra e da “tecnologia”.



O gancho do episódio piloto é muito interessante, e a série faz uma bem vinda atualização na mitologia dos Gatos, explicando e contextualizando muitas coisas que eram subutilizadas na série original.
Fazendo uma avaliação apenas dos primeiros 4 episódios, eu diria que a série é muito boa. Com grandes possibilidades de se tornar excelente.
Se você não conhece a antiga série, invista nessa nova e não vai se arrepender. Em um mundo onde os desenhos são cada vez mais voltados para crianças, uma animação densa como Thundercats é uma boa novidade. E se você é fã da série original como eu, deixe o preconceito de lado a assista pelo menos ao piloto. Depois volte aqui, diga que adorou e me dê a satisfação de proferir um “eu te disse”.

Por Tiberius

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